4° história que eu escrevo que é mais um conto do que uma longa história em si.
Uma das tarefas da minha vida de rei é andar por aí, para saber como meu povo é visto, ainda mais em áreas desconhecidas por nós.
Como o mundo é enorme e conhecer cada um pessoalmente, saber como é a nossa aparência é quase que impossível de acontecer, ainda mais que a chance de ter várias pessoas parecidas comigo é enorme, criar um disfarce, para pessoas como eu, é relativamente fácil.
Vagando por esses lugares com a minha senhora em um período que para o meu povo sai só para resolver acordos, passava por umas vilas e pequenos reinos para criar o meu falso passado e assim poder chegar aos meus alvos com as meias verdades implantadas nos lugares certos.
Nessa vida, tinha um grupo de reinos que sempre gostava de passar, não por causa dos hotéis luxuosos que poderíamos ir e nos hospedar com facilidade.
Mas por causa da facilidade que tínhamos de ser mais um rosto comum à multidão de pessoas desconhecidas que entravam e saiam da cidade, vagantes que usavam o local para se abastecer e seguir viagem.
A maior economia desse reino era a que eu mais explorava para seguir a minha vida.
Por isso, de tanto ir a esse local e outros por perto, ia sempre aos mesmos hotéis, restaurantes, pensões que as
pessoas vagantes de média ou baixa classe iam.
Tinha um bar que eu sempre gostava de ir, enquanto a Lorena ia comprar os mantimentos para criar o nosso passado, ter a nossa moeda de troca e assim seguir a nossa viagem.
Era um bar pacato, um comum que tinha uma peculiaridade.
Qualquer um podia cantar, contar uma anedota, uma história em troca dos trocados que recebiam da plateia.
Percebi, ao longo dos anos, que sempre passei pelo mesmo local, que sempre tinham os mesmos rostos conhecidos, que a cada tempo mudava o seu show, sua canção.
Feliz eu via que uns melhoraram de vida, que sumiram, indicando para mim imaginação, que a vida ficara melhor e por isso não precisaria mais ir ao local se expor em troca de poucos trocados.
Ao mesmo tempo triste eu via que uns, a vida não melhorava.
Não eram pessoas mentindo para ter mais atenção, sabia ver quando era um malandro e um que de fato passava por
necessidades e ia ao local tentar ter algum trocado para comer em uma espelunca.
E tinha uma pessoa que me chamava atenção.
Um, digamos assim, rapaz de olhar triste.
Ele cantava uma canção, que eu já tinha ouvido em outros lugares.
Não uma, mas uma variedade de canções que era comum serem cantado nesse recanto que eu ia para pegar informações.
Vi ele e outros cantarem essa mesma canção, que às vezes tinha variação dependendo do local que eu fosse ou quem
cantasse.
Sendo que esse rapaz.
Ele sempre me chamou atenção, sempre cantava as mesmas canções, sempre seguia a noite fazendo as mesmas coisas.
As canções meio que contavam uma história de alguém e a que mais me chamava atenção por ser cantada de uma forma que passava muita tristeza é a que descrevo abaixo.
Serentina…
Serentina é vida, Serentina é morte…
Serentina é vivida, Serentina é tímida.
Serentina, Serentina, não importa onde viva.
Serentina esse poema eu falo para mim todos os dias da minha vida, a minha vida morrida, por que não te amei no tempo certo, Serentina.
Só quando se foi que senti suas saudades.
Só quando se foi que soube que eras para mim.
Serentina, Serentina, por favor, não se vá para longe e espere por mim.
Essa canção que alguns chamam de poema da Serentina, ela tem muitas versões e é cantada por muitos lugares distantes que já fui conhecer com a minha Senhora.
Intrigado por ter muitos lugares que cantam em bares e em casas do prazer essa triste melodia em uma certa região que íamos, fomos descobrir quem era o cantor que criou essa música.
Nunca descobrimos quem realmente viveu essa história.
Nunca soubemos de fato qual de todas as histórias é real e qual mudaram para ficar melhor.
Nem soubemos se de fato é uma história de vida de uma única pessoa ou a mistura de várias.
Sendo que é uma história que precisa de fato ser contada.
Ela começa…
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