Mudanças Radicais - Lista de livros da coletânea

Bem vindo a apresentação de um grande universo que estou escrevendo há muitos anos. Um mundo diferente, com histórias comoventes, impactante...

sábado, 5 de agosto de 2023

Don & Serentina - Capítlo 8 - Resposta dos Deuses


Meses se passaram e como previsto, Serentina se foi.

Mal tinha completado 7 meses de gestação e partiu.

Muito mal cuidada pelo seu marido, infeliz por tudo que ele a acusava, por tudo que tinha mudado em sua casa, por falar que ela é culpada de terem uma filha e tirar dele o herdeiro, Serentina desistiu de certa forma, da sua vida.

 

Só vivia para garantir que a sua filha nascesse saudável, sendo que para o seu desgosto pós-morte, sua filha partiu horas depois de ter nascido, pois Don não fez nada para salvar a menina.

Não deixou a parteira levar aos médicos, dizendo que a menina não era sua filha e se levasse, ela pagaria a conta.

 

Os empregados ouvindo isso, ainda mais a parteira, deixou a menina no berço e correram pedir misericórdia aos Deuses e às famílias de sua patroa que se fora e a menina que poderia ir.

 

Mesmo com os pais da Serentina correndo para salvar sua netinha, o tempo que demorou a ter ajuda, o fato do Don não ter levado a esposa ao hospital e ter a obrigado a ter o parto em casa, fez a netinha partir por causa das complicações do demorado parto que a sua mãe tivera aliado ao fato da menina ter nascido muito pequena e prematura.

 

A tristeza pairava na casa do Don.

Não por causa dele, mas sim por causa de sua família, ainda mais seus sogros que choravam a partida triste de sua nora.

As mágoas de terem perdido sua netinha e mais ainda os absurdos ouvido de seu genro, sobre as culpas que tacava em sua falecida esposa, pelo fato dela ter partido e dado somente trabalho para a sua vida.

 

Os preparativos para o funeral foram seguidos conforme as tradições.

Não tudo, Don não foi ao funeral em momentos que não era obrigatório e por lá, nunca fez o que foi pedido pelos seus pais e mais ainda pelo padre.

Ele nunca pegou no colo a sua filha e nunca declarou o seu nome.

 

Os padres unidos fizeram um conclave para saber o que iriam fazer para punir Don e tentar mudar a sua teimosa cabeça, para ser pelo menos piedoso pela pobre alma que partiu.

 

Sendo que nada que pudessem fazer, mudou a ideia do Don, nada o fez mudar de atitude.

Nada o fez parar de falar mentiras sobre a sua falecida esposa e mais ainda sobre a sua renegada filha.

 

Os dias foram passando, os julgamentos foram feitos sobre a vida de cada um, até mesmo da Serentina.

Os Deuses deram todas as respostas sobre como seguiria a vida de cada um e assim chegou o último dia.

 

Em cantos falam que o último dia, na verdade foram 3 dias, foram semanas, mas pelo que andei pesquisando, só me resta a dizer.

No último dia de funeral, que precede ao enterro, era o dia dos lamentos.

A família diretamente ligada ao morto iria se lamentar e chorar pela ultima vez em público pelo seu morto.

Depois seria a família de casamento, seguido do último culto à alma, onde tudo que foi resolvido pelos Deuses seria anunciado pelos Padres.

 

Don a muito contragosto, antes da hora que era reservado a família dele ir, chegou à igreja.

Ela estava cheia e notou que diferente dos outros dias que foi obrigado a ir, todos os empregados estavam por lá.

Iria perguntar para seus pais por que da necessidade de ter os empregados por lá, sendo que deixou de lado.

 

Era muita bronca que ficou ouvindo nesses dias por causa do comportamento dele, tudo de injustiças que tinha que ficar ouvindo por causa de seu comportamento que sempre achava certo seguir.

 

A família do Don seguindo os costumes, entrou saudando os Deuses, ainda mais o da vida e da morte.

Foram ao canto destinado aos meio convidados, em silêncio, pois a família da Serentina estava no local em seu luto e lamento.

A Dritini pegou o lenço e chorava silenciosamente, por ver que as irmãs da Serentina pegavam com carinho a netinha no colo e choravam muito, pelo fato de seu filho não ter dado um nome a pobre garota.

Ela se sentia muito envergonhada pelo que o filho fazia na vida da sua preciosa netinha.

 

Ficaram um tempo sendo testemunha nas sombras como todos que estavam ali.

Um pequeno barulho de choro era ouvido em vários cantos, até sussurros de pessoas levando alguém para fora, para poder chorar sem perturbar a família da Serentina.

 

Naliatina que chorava pela perda da filha, ficava o tempo todo sentado ao lado dela, fazendo carinho em sua cabeça e beijando a sua testa.

Até que se dá conta que o marido dela está lá.

 

Ela se levanta do local na direção.

Sofrida, com muita raiva no coração, foi exigir que a família do Don saisse do local, pois não eram dignos de se despedir de sua filha.

 

Ela só pensou em fazer...

Sendo que o sofrimento que tinha, a mágoa que tinha, que só aumentou ao ver a netinha que tinha na testa ainda à marca dos que não tem nome, a fez mudar de comportamento.

 

Com muito rancor em seu coração enlutado, rasgando as suas vestes de luto, indignada pelo que ocorreu, a Naliatina gritou no meio do santuário, perto do alvadoz que estava o corpo de sua filha e aonde as filhas iriam por a de sua netinha.

 

INDIGNO! INDIGNO E DESONRADO, NEM DEVERIA ESTAR AQUI, FINGINDO QUE SENTE A PERCA DA MINHA FILHA!

INDIGNO E DESONESTO! IMPRESTÁVEL!

CONSEGUIU O QUE TANTO QUERIA!

CONSEGUIU MATAR A MINHA FILHA DE DESGOSTO, POR QUE PARA TI, NADA DA SUA CASA QUE SEMPRE ESTÁ LIMPA, PERFEITA E PURIFICADA, ESTÁ ARRUMADO AO TEU CONTENTO.

 

FALA MENTIRAS PARA TODOS, QUE A MINHA FILHA NÃO SABE SER UMA DAMA DE SOCIEDADE, NÃO SABE NEM MANDAR LAVAR UM PRATO, MESMO TENDO TODOS LIMPOS EM SUA COZINHA!

 

VOCÊ TRATOU A MINHA FILHA COMO UMA PUTA E GOVERNANTA, SÓ PARA DIZER QUE TINHA UMA ESPOSA DO SEU LADO!

 

OLHA SÓ O QUE FEZ, OLHA ELA AQUI!

ELA SE FOI!

VEJA O ROSTO DA MINHA FILHA, COMO ELA SOFRE!

MINHA FILHA NÃO PARTIU EM PAZ, POR SUA CULPA, POR SUA VERGONHA!

POR QUERER CASAR COM A GOVERNANTA DA SUA CASA, FALANDO PARA TODOS QUE SÓ A GOVERNANTA SABE COMO SE ARRUMA A SUA CASA.

 

UM IDIOTA QUE SE SENTE ATRAIDO POR SUA PRIMA, DESRESPEITANDO OS NOSSOS DEUSES DO SAGRADO MATRIMONIO.

DESRESPEITANDO A MINHA FILHA, QUE É A SUA ESPOSA, JÁ DECLARANDO A SUA PRÓXIMA PRETENDENTE COM A CAMA AINDA QUENTE AO TEU LADO, O LADO QUE NEM ESTÁ VAZIO, O LADO QUE DORMIA A MINHA MENINA QUE CARREGAVA EM SEU VENTRE A MINHA NETA QUE POR SUA CULPA PARTIU!

 

TRAIU E ENVERGONHA A SUA FAMÍLIA, ESPALHANDO BOATOS E MENTIRAS DA POBRE GAROTA QUE TEVE A INFELIZ IDEIA DE TRABALHAR NA SUA CASA, ACHANDO QUE ASSIM APRENDERIA A PRATICA MAIS CEDO COMO SER UMA EXCELENTE DONA DO LAR DE UMA ENORME MANSÃO!

 

DESONRADO, IMPURO, DESLEAL, VOCÊ É UM DESLEIO DON, UM DESLEIO POR JÁ QUERER POR DO SEU LADO UMA MULHER COMPROMETIDA ANTES MESMO DA CAMA ESFRIAR!

 

SAI DAQUI, SEU IMPURO, SAI DAQUI SEU APROVEITADOR DE GOVERNANTAS, SAI DAQUI E FINGE O SEU LUTO PARA OS SEUS AMIGOS E PARENTES!

NÃO MENTE PARA MIM E NEM NESSE LUGAR SAGRADO QUE JUROU LEALDADE DE MATRIMÔNIO COM A MINHA FILHA.

JUROU QUE ESTARIA AQUI CHORANDO A SUA PARTIDA COM A COROA BRANCA NA CABEÇA, CASO NÃO FOSSE PARA A MORADA DOS DEUSES NO MESMO DIA QUE ELA!

JUROU DIANTE TODOS ELES QUE SE UMA TRAGÉDIA ABATESSE NA SUA VIDA, SERIA O PRIMEIRO A ESTAR AQUI, CHORANDO A SUA MORTE, RASGANDO AS SUAS VESTES, IMPLORANDO PARA QUE ELA VIVA, PARA QUE VOLTE A SUA VIDA.

REVOLTADO PELO QUE OCORREU, PELA INJUSTIÇA DE PERDER A SUA AMADA!

 

ISSO AQUI É UMA INJUSTIÇA, SAIA DAQUI, POIS É UMA INJUSTIÇA TER QUE ENTERRAR MEUS FILHOS, AINDA MAIS QUE É SUA CULPA DELA E DA MINHA NETA ESTÁ AQUI!

SUA CULPA, SUA, SUAAAAA!

 

Ela com as vestes rasgadas caiu em prantos no chão sobre seus joelhos.

Era muita dor em sua vida, uma dor que nenhuma mãe deveria sentir.

Suas filhas foram a consolar e por uma capa para que as vergonhas de sua mãe não ficassem à mostra, pelo fato dela ter rasgado as suas vestes.

Seu marido foi até o seu genro e pediu gentilmente que se retirasse do recinto e só viesse na hora destinada a sua família e outros convidados virem.

Para deixar a esposa dele e a família dele em paz, com as suas mágoas e seu luto.

Don pensou em protestar, mas a sua mãe sabiamente interveio falando.

 

Sinto muito mesmo pelo que ocorreu e pela sua perda.

Vamos voltar em outra hora, como pediu.

De fato precisam desabafar seus lamentos que não tem nada haver com a nossa família.

Só entre vocês e os Deuses.

 

Ele acena em cortesia e eles se vão.

Na porta do santuário que iriam ficar até chegar a sua hora de ir ao funeral, Grereidit fala bem sério e chateado com o seu filho.

 

As acusações de sua sogra são graves, filho.

Que as más línguas não tenham ouvido e os que ouviram o desabafo dessa mãe sofrida, só vejam isso.

Uma mãe sofrida que quer achar um culpado pelo fato da filha dela ter partido tão cedo.

 

A culpa foi mesmo da filha dela…

 

O pai só o olhou de lado e o Don se calou.

 

Sábio. Pelo menos agora foi sábio em te calar-te.

Se mantenha assim no dia de hoje e só diga o que é de teu dever dizer, com respeito, dor e luto.

Ainda mais depois do que declarou sobre a minha netinha.

Uma vergonha que tem concerto, se te portar aqui como ordenei.

Não me envergonhe, mais do que já fez nesses últimos meses, filho.

Peça perdão aos Deuses quando for a nossa vez de nos lamentar e de um nome para essa menina!

O que faz contra uma pobre criança é uma vergonha e um pecado sem precedente!

 

Don olha o pai com raiva e sai do local.

Sua mãe iria atrás dele e o pai simplesmente a segura falando.

 

Ele sabe que está errado.

Ele tem um orgulho muito errado sobre a vida.

É um homem amargurado que desconta a sua infelicidade nos outros.

 

Eu não quero que ele seja punido pelos Deuses.

 

Ele vai ser.

Não tem nada que possamos fazer, pois ele vai ser punido nessa e nas outras vidas que tiver pelo que fez contra a nossa nora.

Há nós, não á nada que possamos fazer.

Já fizemos, já brigamos e aconselhamos.

Don não aceita que está errado. Só os Deuses que podem tirar essa tola

teimosia.

Só a mão Deles que pode ensinar ao nosso filho como ele erra em sua vida.

 

O dia passou.

A família do Don teve o seu momento de luto, onde ninguém da família da Serentina quis acompanhar.

Todos saíram do recinto, onde os pais da Serentina cuspiram na direção do Don, para mostrar como não confiam nele e não gostam mais de sua presença em sua vida.

 

Don não fez nada do que foi pedido pelos seus pais e tristes ouviram que a hora final do funeral se chegava e não tinha mais nada para fazer para mudar os castigos pelos pecados de seu filho contra a sua esposa e mais ainda a sua renegada filha.


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